Tecnologias assistivas e políticas públicas no painel Acessibilidade
A professora e pesquisadora da PUCPR Maria Lucia Miyake Okumura abriu o primeiro painel do tema “Acessibilidade” da 2ª SEPEAG DIGITAL, abordando as tecnologias assistivas, que são um arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e consequentemente promover vida independente e inclusão. Explicou que os recursos de tecnologia assistiva podem variar de uma simples bengala a um complexo sistema computadorizado. Estão incluídos dispositivos protéticos, brinquedos e roupas adaptadas, computadores, softwares e hardwares especiais, que contemplam questões de acessibilidade, recursos para mobilidade manual e elétrica, equipamentos de comunicação.
A abordagem da professora se concentrou em projetos integrados para pessoas com agenesia de membro, que é decorrente de deformação esquelética congênita ou amputação (por via cirúrgica ou acidente). De acordo com o Ministério da Saúde, a cada três horas e 13 minutos uma pessoa tem algum membro inferior ou superior amputado no Paraná. “Os dados são de 2019 e mostram que a maior parte das amputações causadas por acidentes de trânsito”, informou.
A professora explicou que agenesia de membro em decorrência de anomalias congênitas afetam entre 1% e 2% dos nascidos vivos, sendo que 10% destes possuem deformidades dos membros superiores e em alguns casos estão associados com síndromes sistêmicas ou raras. Segundo Maria Lucia, o desenvolvimento de tecnologias assistivas para pessoas com agenesia de membros depende de um trabalho multidisciplinar que envolve profissionais de inúmeras áreas: psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, médicos ortopedistas, assistentes sociais, pedagogos, enfermeiros, engenheiros, designers, arquitetos e especialistas em órteses, próteses e materiais especiais. Disse que no Brasil, uma “prótese” feita em impressora 3D é considerada um dispositivo de tecnologia assistiva, que precisa ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar.
Em sua apresentação, a professora Maria Lucia acentuou que para colocar em prática as tecnologias assistivas foi criada a Associação Dar a Mão, uma rede de apoio multidisciplinar de referência que acolhe as pessoas com agenesia de membros visando ao empoderamento e qualidade de vida. “Por exemplo, o trabalho envolve o acolhimento de mães gestantes com diagnóstico de bebê com agenesia de membro e o desenvolvimento do projeto integrado de apoio protético”, disse.
Em relação aos resultados do projeto integrado de apoio protético, Maria Lucia cita o aumento da performance no desenvolvimento físico e estimulação muscular do usuário de prótese e órtese, redução do atrofia muscular, melhora na orientação bilateral e simetria corporal entre outros. A professora disse que a Associação atende mais de 3 mil famílias brasileiras e também pessoas em 12 países. “Criamos a Associação em 2015 e já entregamos gratuitamente mais de 600 dispositivos de apoio protético”, frisa.
Ergonomia e usabilidade
O painel Tecnologias Assistivas contou ainda com a palestra da professora Maria Lucia Leite Ribeiro Okimoto, da UFPR. Ela comentou que, conforme uma releitura analítica do Censo 2010, o Brasil possui 45,6 milhões de pessoas com deficiência e desse total, 12,7 milhões apresentam deficiências graves. Após traçar esse perfil, a professora falou sobre a RPDTA – Rede de Pesquisa e Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva nos programas de pós-graduação em engenharia mecânica e design, com foco no design participativo e centrado no usuário.
Todo o trabalho é desenvolvido pelo LABERG – Laboratório de Ergonomia e Usabilidade. “Trata-se de um grupo de pesquisa multidisciplinar que desenvolve pesquisas relativas às interfaces do sistema humano/tecnológico; objetiva, além da aplicação de técnicas e métodos de avaliação ergonômica e de usabilidade, o desenvolvimento de tecnologias assistivas”, explicou.
A professora citou como exemplos de trabalhos desenvolvidos pelo LABERG, a criação de um código para identificação de cores para pessoas cegas e com baixa visão, método de co-criação de moda funcional para pessoas com deficiência, antropometria digital por escaneamento 3D para aplicação na modela plus size e soluções para a maior acessibilidade de cadeiras de rodas.
Acompanhe a programação pelo canal do Crea-PR no YouTube e um ótimo evento! As inscrições ainda podem ser feitas em sepeag.crea-pr.org.br.
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