Desafios da agropecuária em novos mercados pós-pandemia


“As dinâmicas globais de produção, abastecimento, consumo, comércio e políticas agrícolas sofreram mudanças irreversíveis com a pandemia”, destacou o secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, em sua palestra na 2ª SEPEAG DIGITAL, no painel “Novos mercados para agropecuária”. Após traçar um retrato do potencial agrícola brasileiro e paranaense, alertou que o Brasil deve ficar alerta com o possível aumento do protecionismo internacional, principalmente, na área de alimentos.

O secretário pontuou que o empobrecimento geral da média da população mundial prejudicou segmentos premium e beneficiou produtos mais baratos e de qualidade, o que favoreceu e valorizou a compra local. Ortigara ainda aponta que esse novo nacionalismo de proteção e de subsídios à produção interna podem restringir as exportações de uma maneira geral.
Para ele, o acesso a alimentos baratos e em escala depende de um comércio livre e não de protecionismo. “Neste sentido, o Brasil deve buscar celebrar acordos de livre comércio abrangentes e consolidar condições de acesso mais favoráveis ao mercado mundial, ampliando a competitividade”.

Ortigara assegura que o país é um dos cinco maiores produtores de um conjunto de 40 produtos e o maior exportador líquido. “Somos líderes na produção de grãos (255 milhões de toneladas) e de proteína animal (27,4 milhões de toneladas). Estamos presentes em mais de 150 países e ajudamos a alimentar, além de 211 milhões de brasileiros, mais de 1,5 bilhão de pessoas ao redor do mundo”. Segundo o secretário, num período de 10 anos, o agronegócio nacional exportou mais 806 bilhões de dólares, num esforço que representou, apenas em 2020, 43% do mercado mundial.

O Paraná tem expressiva parcela nesses resultados. De acordo com Ortigara, o estado ocupa a sexta posição no ranking das exportações e registra a cifra de mais de 16 bilhões de dólares. Desse total, 81,91% tem relação direta com o agronegócio, que superou os 13 bilhões de dólares em exportação. O Valor Bruto de Produção (VBP) estadual no ano passado foi de R$ 128,3 bilhões. “Os destaques são para a pecuária, grandes lavouras, madeira e hortifrutigranjeiros”, afirma. Completa, ressaltando que somadas as rtrês principais proteínas animal (frango, supino e bovino), o Paraná surge como o maior produtor de carne do Brasil.

Ao falar de pecuária, Ortigara ressaltou que com o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) do Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação, o estado conquistou uma espécie de passaporte para a produção paranaense de carne bovina e leite. “Agora temos sanidade, escala de produção, preço competitivo e capacidade comercial para entrar em mercados superexigentes”.

Novos mercados estão sendo sinalizados para a agropecuária paranaense, observou Ortigara. “Com a alta de preços da carne bovina, por exemplo, o frango e os ovos passaram a ser mais consumidos no mundo. Nessas duas cadeias o Paraná ocupa o primeiro e o segundo lugares, respectivamente. A piscicultura estadual e a suinocultura também estão evoluindo e apresentam números importantes”, pontuou.

O secretário disse que o Paraná precisar ficar atento para superar muitos desafios e aumentar cada vez mais sua competitividade, segurança alimentar, sanidade e inocuidade. “Rigor quanto aos padrões técnicos, sanitários, fitossanitários, exigências de certificação rastreabilidade são pontos que não podemos minimizar”, disse.

Por fim, o secretário da Agricultura assegurou que a agropecuária deve praticar o conceito da sustentabilidade – ESG (ambiental, social e governança) também como uma alavanca para elevar a competividade nacional e internacional.

“O mundo depende do Brasil”

“O Brasil é um grande player de mercado, ocupando os primeiros lugares na produção de 10 principais commodities. E essa situação é fruto da combinação da tecnologia e do produtos rural”, disparou o diretor de Política Agrícola e Informações da CONAB, Sérgio de Zen. Ele encerrou o terceiro dia da 2ª SEPEAG abordando os novos mercados para a agropecuária nacional. Alertou que “devemos cuidar com os ímpetos protecionistas. É preciso reduzir as tarifas da importação e não bloquear a exportação. É praticar a racionalidade econômica”.

Disse que a pandemia e o isolamento social elevou o consumo de alimentos, realmente explodiu em escala global, mas a oferta de produtos não acompanhou esse aumento.
Sérgio Zen lembrou o sistema produtivo brasileiro vem evoluindo muito com alta eficiência e produtividade, e ressaltou que 2020 foi o ano mais rentável da história da agricultura nacional. Frisou que os setores de alimentos, combustível, transporte e habitação registram rentabilidade. Afirmou que na pecuária, o mercado bovino, diferente do suíno e avícola, teve que reinventar, procurando novos cortes, atrelando cortes a raças, para se adequar aos novos padrões internacionais de consumo, que se tornaram mais exigentes e veem no produto brasileiro algo confiável e de qualidade.

Zen disse ainda que o Brasil tem muitas vantagens em relação aos demais países, mas que são fatores que o mercado internacional desconhece, citando as duas safras anuais, plantio direto e a integração da pecuária e lavoura. “O Paraná, por exemplo, tem uma vantagem essencial: é berço de qualidade genética do gado de corte e leiteiro”.

Ao encerrar sua participação, Zen pontuou três desafios que deverão ser superados pela agropecuária brasileira garantir segurança alimentar para o Brasil e para outras nações. O primeiro é saber onde está a produção nacional. Isso pode ser resolvido com o georeferenciamento, um mapeamento com exatidão das áreas agrícolas. O segundo é descobrir qual é o tamanho do rebanho brasileiro utilizando a técnica da rastreabilidade. E o terceiro desafio é medir a produtividade, com a incorporação da tecnologia aos processos agrícolas e pecuários. “O mundo depende do Brasil”, frisou Zen.


Conteúdo: Básica Comunicações

 

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